sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A prostituta que também é mãe de família.

Quero falar a respeito de uma classe de mulheres que por causa de um sistema desmantelado, desigual... Perdem sua existência como se já tivessem vivido várias vidas em uma mesma, estão à mercê dos acontecimentos porvindouro, convivem com os piores desabores dessa vida tornando-as, na grande maioria; frias, vazias, com batom vermelho nos lábios e vísceras expostas, já não sente os dias passar, apenas - os suporta, como suporta as noites, que melhor nem ter nascido.
Todos os dias essas mesmas noites bate na porta de seus escritórios, cardápio da rua, menu variado, clientes diversos, na calçada estão as pequenas espectadoras ainda com dentes de leite, esperam seu tempo, e passam de coadjuvante para  protagonista.
Falo dessas mulheres que com todo respeito classifico-as como bipolar, não no sentido patológico, mas do esforço sub humano que, a cada manhã lembrar que é gente, que é mãe e pai de família, de
dar -se ao luxo de sonhar que tem alguém a espera, a ponto de leva-las daqueles lugares hecatombes.
 Essas mulheres que acordam cedo, levam os filhos para escola a mesma que Seu filho estuda, essas mulheres que freqüentam os mesmos hospitais, supermercados, igrejas, lojas, farmácias, calçadas, as mesma  que Você frequenta, que paga as contas em dia.
Falo daquelas mulheres que insurgem todos os dias das noites de pesadelos, no qual ela só acorda quando chega a sua casa com o sol trincando o dia querendo dar seus primeiros sinais, retira do seu corpo a prova daquele que jamais poderia ser classificado como trabalho, e vai se refugiar ao lado de seus filhos, porque daqui a pouco horas, mais uma vez ela terá que se entregar para as calçadas onde dali nasceu uma das mais antigas profissões.
 Gostaria de dar a esse texto um desfecho legal, mas diante da magnitude dos fatos, não vejo desfecho legal, para tamanha violação do Ser.

Couto, Maria Francisca

2 comentários:

  1. Conheço de perto essa realidade, digo isso com conhecimento de causa, e te digo que nessa calçada onde, "essas mulheres" e quem vai à igreja, e quem vai à farmácia, e quem vai ao supermercado estão, existem mulheres que gostam dessa vida, (nem sempre é pelo "sistema desmantelado"), e que não pretendem abandonar a atitude , preferem abandonar um recém nascido já dependente de craque através do organismo da mãe, e nem liberar o corpinho da criança pois pulou o muro do hospital e fugiu, não estou generalizando, mas afirmo que não são todas que optam por ser tratadas dignamente, embora todo ser humano necessite de ser.

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  2. Então FER, SEI QUE EXISTEM MUITAS POR AÍ QUE NÃO DESEJA SAIR DESSA VIDA, MAS NO CONTEXTO EU DEIXO BEM CLARO QUE ESTOU FALANDO DESSA CLASSE QUE REALMENTE TEM ESSA VONTADE.
    OK...
    OBRIGADA POR COMENTAR..
    BJOS

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