Tomando banho, notei que no chão dentro do box mergulhava uma pequena borboleta, relutava nas poças de água que caia da ducha ainda fria, era uma dessas que as pessoas não dão muita importância por conta do número excessivo de sua espécie, acho que era uma Maniola jurtina - Pertence à família Nymphalidae.
Olhei-a por alguns instantes, vi naquela pequena uma coragem admirável, dentro de um ambiente que não a favorecia, mas ali se abrigava, então num súbito de heroísmo levei a mão em um grampo que estava na janela e com todo cuidado peguei-a jogando para fora do banheiro deixe-a ir, passando pela janela e tomando direção do que eu achava ser seu habitat longe dali.
Nesse momento fiquei aliviada por saber que ela teria outras oportunidades além das quatro paredes daquele banheiro, onde o ar já começava ficar mais denso por conta da água que se fazia quente, muito quente. Mas logo senti uma aflição de pensar que mesmo naquelas quatro paredes que a cercava, a coisas mais terrível que teria que lutar seria com as gotículas de água que teimava molhar suas frágeis asinhas, enquanto lá fora enfrentava a fúria do mundo, com seus temidos anfíbios devoradores.
Diante disso fica a duvida: Será que estamos preparados para enfrentar o desconhecido? Será que o desconhecido nada mais é que a única forma de oportunidade que a vida lhes oferece para fazer tudo diferente e tentar acertar com os erros?
E se a borboleta pudesse falar, será que ela pediria para ser jogada lá fora para ter essa oportunidade? E se ela não estivesse preparada e decidirá morrer ali mesmo sem muitas emoções, ela poderia ser feliz ali em sua limitação, porque não?!
Então pergunto há quem lê essas escritas:
Quer ser uma linda borboleta que vive em seu mundo de beleza e limitações ou um explorador de si, que anda pelos mundos sem medo do desconhecido, que olha no espelho da alma e reconhece dentro da mesma imagem uma nova caricatura do que sempre quis ser, e rindo de si, lamenta por não ser aquela borboleta?
Couto, Maria Francisca